Nada melhor que no Dia dos Pais trazer um que faz a diferença. Nelson Morales Júnior é Vigilante na cidade de Maringá, Paraná e é pai da Duda, de 6 aninhos.
Ele chama atenção por seu jeito brincalhão e amoroso de lidar com a filha. E tem orgulho de mostrar nas redes sociais. Sem falar que ele é um ativista assíduo da conscientização Autista.
Como foi que você recebeu o diagnóstico de autismo da Duda?
Desde que minha mulher começou a questionar sobre os atrasos da Duda, sinceramente não levei a sério, fomos a alguns médicos e sempre as mesmas respostas, toda criança tem seu tempo, que era coisa da cabeça da minha mulher.
Até que encontramos a Dr. Rosimeire Arneiro (Neuropediatra), que falou que Duda estava no TEA (Transtorno do Espectro Autista) para minha mulher foi a resposta para as suas perguntas, para mim que sempre me apeguei àquele 1% que ela não era Autista, enfrentei um inferno dos porquês, por ela ser autista.
Na época, trabalhava à noite e foram noites de angústias, voltava para casa e as elas pioravam, de como seria o futuro dela: teria independência? Casar, ter filhos? Coisas que todos os pais pensam para seus filhos. Buscava uma resposta para minhas apreensões que afligiam meu coração.
Até que um dia, tinha chegado do trabalho, e meu chefe ligou para ver se eu podia substituir uma pessoa que estava passando mal, prontamente fui, cidade grande, estacionamento é muito difícil, rodei um pouco e achei um vaga perto da catedral que tem aqui. Passando em frente entrei, fiz uma oração pedindo para Deus tirar as angústias que afligiam meu coração, desde aquele dia, minhas angústias se foram.
Conforme costumo dizer, se ela é Autista, Deus quis assim. Desta forma, vivo um dia de cada vez, tentando me fazer presente na vida dela. Depois o Facebook me apresentou histórias como a minha, das buscas, da vida com Autismo que eles têm em suas casas diferentes da minha, estas histórias só têm uma coisa em comum: amor por nossos filhos.
Sabe-se que muitos pais acabam abandonando a mãe e o filho (a) quando descobrem algum tipo de deficiência. Com você, sabemos que foi completamente diferente. Quais foram suas providências pós-diagnósticos?
A Dr. Rosimeire nos encaminhou para uma instituição que trabalha com Autistas, passamos por uma triagem.
Passado algum tempo, Duda começou a frequentar a Associação Maringaense dos Autistas durante três anos, fazia fono, fisioterapia, e tinha psicopedagoga, foi encaminhado depois para frequentar o CMEI (Centro Municipal de Educação Infantil), onde tinha professor de apoio para ajudá-la.
Depois de um tempo ela saiu da instituição, hoje está no ensino regular, com professor de apoio, e tem duas vezes por semana reforço na escola.
Hoje ela faz terapia ocupacional na ONG Estrela de Davi, onde tem uma madrinha que paga um valor por mês. A ONG possui padrinhos sociais que ajudam outras crianças.
Além de fazer o método ABA, com a psicóloga Cátia Martini uma vez por semana.
O que você diria a esses pais que abandonam suas famílias por conta da deficiência?
Muitos usam como desculpa para não assumir a responsabilidade em ter um filho com deficiência.
Agora se acovardar e deixar tudo na responsabilidade da mãe, sendo que ela não gerou filho sozinha?
Casamentos acabam e os filhos são de responsabilidade de ambos. Há muitos que se separaram e esquecem que tem filho, fica tudo em cima da mãe, que por muitas vezes param de trabalhar, pois ter um filho deficiente requer muito mais cuidados.
Muitas se vêem sós e infelizmente, em muitos Estados, o Sistema Único de Saúde (SUS) é precário, ainda assim, os pais não ajudam em nada.
“Infelizmente muitos de nós carregamos nos ombros a falta de ombridade daqueles que abandonam suas famílias.”
Como é seu dia a dia com a Duda?
Levo ela na escola, hoje devido a meu trabalho não a busco mais, acompanho nas terapias, vamos ao mercado, por sinal adora, vamos a um parque que tem aqui, acompanho nas consultas, saímos quando podemos, vamos à pizzaria, shopping, vamos à casa de amigos, e ela gosta muito de ir na casa da vó Sônia, mãe de minha mulher.
Você é um ativista e deixa claro em suas redes sociais. Quais outras ações você também toma em prol da causa autista?
A única ferramenta que tenho como instrumento é a informação. Se ajudar famílias, ficarei muito feliz. Caso contrário, pelo menos terei passado informações do que é o Autismo.
Tenho uma página chamada Autismo Em Cliques, uso o Instagram para falar de Autismo, uso o Twitter também, Dia a Dia do Autismo, participo também de três grupos de WhatsApp, sou conselheiro da ONG Estrela de Davi, ajudo nas promoções que a ela faz.
Qual é a melhor parte em ser um pai especial?
Ser pai é especial! Cada vitória dos nossos filhos é um gosto diferente, é o que nos move para seguirmos em frente, ver que dentro de suas possibilidades, eles estão sempre evoluindo.
Primeira vez em que fez cocô sozinha no vaso sanitário, primeira vez que falou Pai, primeira vez que se apresentou no teatro que o CMEI fez, tudo que ela consegue realizar é o que me faz acreditar que estou no caminho certo.
Qual mensagem você quer deixar para todos neste dia dos pais?
Sejam presentes na vida de seus filhos! Façam com que eles sempre lembrem de vocês. Tire algumas horas para se fazer presente na vida deles, dinheiro nenhum irá fazer bem maior para eles que se fazer presente na vida deles. E aproveite pois eles crescem.